Sessenta e cinco por cento das crianças que estão entrando na escola hoje terão profissões que ainda não existem. O dado é do Fórum Econômico Mundial e provoca um misto de curiosidade e apreensão. Quais serão os empregos do futuro? Como preparar crianças e jovens para eles? As respostas são muitas. Mas não restam dúvidas que todas passam por uma educação de qualidade.
Por isso é tão importante investir nos professores da Educação Básica, aqueles que acompanham os estudantes desde o início da vida escolar até o momento em que começam a fazer escolhas, como as profissões que querem seguir. Também são esses os professores que despertam nos estudantes o gosto pela ciência e por carreiras em ciência, tecnologia e inovação – áreas que continuarão crescendo nas próximas décadas seguindo a quarta revolução industrial. Esse é um desafio para o Brasil, que só em 2019, terá 160 mil vagas na área de tecnologia sem profissionais para ocupá-las, de acordo com o BrazilLab.
Isso explica porque o Museu do Amanhã e o British Council realizam o Inspira Ciência, programa de formação de professores da Educação Básica, com o patrocínio da IBM. Apenas na segunda edição do programa, que teve início no último sábado (11/5), os 60 professores participantes lecionam para mais de 18 mil estudantes.
“Isso mostra o papel estratégico dos professores na formação das atuais e futuras gerações, e também o impacto do trabalho deles em toda a vida do país. Educação, ciência, tecnologia e inovação são caminhos para o futuro”, destacou o curador-geral do Museu do Amanhã Luiz Alberto Oliveira durante a abertura do programa.
O gerente sênior de Educação Básica do British Council Luis Serrao concorda com essa visão de futuro do programa. Ao mesmo tempo, ele reiterou que o Inspira Ciência, que teve sua primeira edição em 2018, atua também sobre uma das principais demandas da educação no país hoje: “Se observarmos que só 35,1% desses professores têm acesso à formação continuada, segundo dados do INEP e do Observatório do PNE, entenderemos que o Inspira Ciência ajuda a reverter esse cenário criando uma oportunidade para os professores se atualizarem nos temas do currículo escolar e em novas abordagens educacionais”.
Representando a IBM na abertura do programa, o arquiteto de softwares Thiago de Moraes afirmou que aproximar os professores da Educação Básica e o Museu do Amanhã, por meio de um programa de formação, é ainda uma forma de conectar a Educação Básica aos desafios e as oportunidades abertas aos jovens no século 21, incluindo a preparação deles para o futuro do trabalho.
Celular como microscópio
A segunda edição do Inspira Ciência terá quatro encontros presenciais no Museu do Amanhã nos meses de maio e junho. Combinando teoria e prática, os professores se encontrarão com astrônomos, geólogos, biólogos e paleontólogos para explorarem temas fundamentais em Ciências. Eles também experimentarão novas abordagens educacionais sobre esses temas em oficinas com especialistas em educação científica, fazendo uso da tecnologia. Em uma dessas atividades, por exemplo, os professores aprenderão a construir microscópios de baixo custo, aproveitando resíduos eletrônicos e telefones celulares. Durante o programa, os participantes ainda elaboram planos de aulas em grupo para colocar os novos conhecimentos em prática em sala de aula.
A professora da Escola Municipal Juan Antonio Samaranch Lucineia Alves, em Santa Teresa, é uma das selecionadas para a segunda edição do programa. Ela que tem pós-doutorado em Neurociências e é especialista no ensino de Ciências está entusiasmada com a oportunidade.
“Na área de ciências, a atualização precisa ser constante, assim como a troca de experiências e práticas com outros professores. É o que sempre dizemos aos estudantes: conhecimento nunca é demais”, disse.
Ela contou que já havia visitado o Museu do Amanhã outras vezes, inclusive com as suas turmas. “Mas desta vez é especial. É para uma formação”.
Nas duas chamadas públicas já realizadas, o Inspira Ciência recebeu mais de mil inscrições, sendo selecionados 120 docentes de diferentes regiões do Estado do Rio. Para essa seleção são utilizados critérios que garantem a abrangência do programa e a representatividade de profissionais de educação de ensino público e particular, bem como de gênero e etnias. Essa diversidade garante uma efervescente troca de experiências e prova que vontade de participar deste tipo de formação é o que não falta entre os professores da Educação Básica.
Oferecer oportunidades de atualização aos professores é ainda uma das metas do ODS 4 – Educação de qualidade – da Agenda 2030 das Nações Unidas e é fundamental para o êxito de todas as outras metas desse Objetivo.