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Plano de aula

De onde vem o lixo e quem afunda nele?

Eixo temático

Terra e Biosfera, Humanidade e Cultura
Autores

Autores

Anna Carolina da Silva Chaves, Colégio Zaccaria e Colégio João Lyra Filho
Cátia Nunes, Colégio Cruzeiro
Fábio Conceição, Colégio e Curso Carpe Diem e Escola Parque

Tema

Tema

O tema que será abordado é o Racismo Ambiental. O conceito nasceu entre os negros dos Estados Unidos, no final da década de 1970, ainda em plena ebulição das conquistas dos Direitos Civis. A partir de protestos contra um depósito de resíduos tóxicos no Condado de Warren, Carolina do Norte, entre 1978 e 1982, descobriu-se que três-quartos desse tipo de aterros, localizados em sua maioria na região Sudeste dos Estados Unidos, registravam uma curiosa coincidência: estavam todos localizados em bairros habitados por negros, embora na região eles somassem apenas cerca de 25% da população.
As injustiças sociais e ambientais não só têm origens comuns, como se alimentam mutuamente. É precisamente essa lógica que, de um lado, forja condições de degradação crescente para uns; de outro, propicia lucro abusivo para outros. É a submissão a um modelo de desenvolvimento cada vez mais excludente que faz com que as autoridades optem pela conivência ou, pelo menos, pela omissão, ignorando o desrespeito às leis, trabalhistas e ambientais.

Justificativa

Justificativa

Pensar em um amanhã sem pontuar em questões ambientais e sociais significa o mesmo que não pensar.  Uma sociedade mais diversa e menos desigual em um planeta que, alavancado pelo desenvolvimento econômico atual, consome matéria-prima de forma excessiva e com impactos avassaladores, precisa ser pensada e desenhada cada dia com mais atenção e cuidado. Mas será que estudantes de educação básica compreendem o suficiente sobre todo o impacto de nossas ações atuais? E ainda mais, entendem todo o contexto histórico-social em que estão inseridas as pessoas mais afetadas por todas estas questões?

Tendo tal pauta em vista, é fundamental que educandas e educandos tenham conhecimento e vivência relacionados à produção e descarte de lixo, entendendo em toda a escala produtiva o que ocorre a partir do momento que um produto é produzido até o momento em que segue para o descarte. Como esse lixo impacta a vida de diferentes indivíduos? Qual a relação de uma pessoa que descarta o lixo com uma pessoa que tem no lixo seu modo de subsistência?

Há várias razões para trabalhar esse tema na 3ª série do Ensino Médio. Tanto em Biologia quanto em História faz-se uma revisão com aprofundamento dos conteúdos do Ensino Médio com vistas a preparação para os vestibulares. Além disso, espera-se dos discentes uma formação cidadã e visão crítica dos problemas que os cercam.

Em relatório apresentado recentemente pela Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistema (IPBES) que conta com 145 cientistas de 50 países, cerca de um milhão de espécies irão desaparecer nas próximas décadas. Dentre as causas dessa tragédia cinco se destacam: perda do habitat natural, exploração das fontes naturais, mudanças climáticas, poluição, espécies invasoras. “Esta perda é um resultado direto da atividade humana e constitui uma ameaça direta ao bem-estar humano em todas as regiões do mundo”, disse o Prof. Settele, um dos participantes do estudo.

Ainda há outras questões destacadas pelo relatório como por exemplo, entre 100-300 milhões de pessoas estão em risco aumentado de enchentes e furacões devido à perda de habitats e proteção da costa, em 2015, 33% da vida marinha estava sendo pescada em níveis insustentáveis, a poluição plástica aumentou dez vezes desde 1980. De 300 a 400 milhões de toneladas de metais pesados, solventes, lamas tóxicas e outros resíduos de instalações industriais são despejados anualmente nas águas do mundo.

Mais de 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Essa foi a quantidade de lixo produzida no País em 2015, de acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, último levantamento do tipo feito por aqui, realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Produção essa que aumenta em ritmo acelerado, muito acima do que cresce a população. Entre 2003 e 2014, a geração de lixo subiu 29%, enquanto o crescimento populacional foi de 6%.

Em média, cada brasileiro produz 387 kg de lixo por ano, nos colocando ao lado de países como Croácia, Hungria, Japão e Coreia do Sul.

Entretanto, quando o assunto é como lidamos com esses resíduos, estamos mais perto da Nigéria. Isso porque o Brasil destina corretamente apenas 58% do que coleta, enquanto a média nos países do primeiro mundo é de 96%. Já no país africano, 40% do lixo produzido vai para local adequado. Ou seja, produzimos lixo como os países mais ricos, mas o destino que damos aos resíduos é semelhante ao de países subdesenvolvidos.

Além disso, outro levantamento, feito pelo Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), mostrou que apenas 18% dos nossos municípios possuem algum sistema de coleta seletiva, ainda que não integral. Para comparação, países como Alemanha e Áustria aproveitam mais de 50% de todo o lixo que produzem.

Assim, 38,5% da população brasileira, cerca de 80 milhões de pessoas, ainda não tem seus resíduos tratados de maneira adequada, com 20 milhões de brasileiros sem sequer terem acesso a coleta regular de lixo.

Segmento

Segmento

Educação Infantil - Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)
Campos de experiências

Campos de experiências

  • Corpos, gestos e movimentos
  • Objetivos e habilidades - Corpos, gestos e movimentos

    Objetivos e habilidades - Corpos, gestos e movimentos

  • (EI01CG01) Movimentar as partes do corpo para exprimir corporalmente emoções, necessidades e desejos.
  • (EI01CG02) Experimentar as possibilidades corporais nas brincadeiras e interações em ambientes acolhedores e desafiantes.
  • Eixos temáticos

    Eixos temáticos

    • Terra e Biosfera,
    • Humanidade e Cultura

    Delimitação do conteúdo

    Delimitação do conteúdo

    Biologia
    Efeitos dos despejos humanos e industriais sobre o meio ambiente e nas pessoas;
    Saneamento básico e doenças promovidas pela ausência do mesmo;
    Dinâmica populacional.
    O que é lixo? O que podemos ganhar com ele?

    História
    As Revoluções Industriais e seus impactos;
    O Desenvolvimento do Capitalismo e suas consequências sociais;
    O racismo e seus efeitos nas sociedades contemporâneas.
    Industrialização no século XXI e o lixo tecnológico - O que fazer?
    Metodologia

    Metodologia

    1ª aula: (2 tempos – 1:40h)

    Usar música, poesia e artes plásticas para fazer a sensibilização dos alunos e cativar pelo coração. Iniciaremos com um samba, “Chorando pela natureza” (João Nogueira) para que o tema seja introduzido.

    “A natureza está clamando
    De tanto lutar não resistiu
    E a poesia está chorando
    Sobre o corpo do Brasil!

    As matas sumindo da nossa bandeira
    O ouro cruzando as fronteiras do mar
    O azul é só poeira
    O branco em guerra está

    E o nosso índio tombou
    Pouca gente lutou
    Pela sua defesa
    E o canto dos pássaros se calou
    E o leito dos rios secou
    O país todo é uma tristeza
    E poeta que sou
    Num canto de dor
    Eu choro pela natureza”.

    Em seguida serão apresentados recortes sobre o filme “Lixo extraordinário” (2010), seguido da apresentação de artes plásticas produzidas a partir de lixo.

    Após esse primeiro momento, as/os alunas/os serão separadas/os em grupos menores para que realizem um brainstorm. Cada grupo receberá um texto orientador dentro da nossa temática, que é racismo ambiental. Após a leitura, serão produzidos pequenos cartazes com ajuda de palavras retiradas dos textos.  Após a conclusão por grupo, todas as palavras anteriormente sugeridas serão coladas em um grande cartaz. Construção coletiva.

    2ª aula: (2 tempos – 1:40h)

    Após a construção coletiva do conhecimento, nesta aula será realizado o embasamento teórico, histórico e biológico, relacionados ao tema gerador. Tal momento terá um caráter mais expositivo feito pelo/a professor.

    Os temas abordados nesta aula serão: desenvolvimento industrial, padrão de consumo, sustentabilidade, diferenças entre lixo e resíduos sólidos, racismo e racismo ambiental. Ao final, será solicitado aos alunos/as que seja construído um mapa conceitual. Acreditamos como que mapas conceituais são diagramas de significado, de relações significativas; de hierarquias conceituais. O importante é que o mapa seja um instrumento capaz de evidenciar significados atribuídos a conceitos e relações entre conceitos. Mapas conceituais foram desenvolvidos para promover aprendizagem significativa. A aprendizagem é dita significativa quando uma nova informação (conceito, idéia, proposição) adquire significado para o aprendiz (MOREIRA, 2010).

    3ª aula: (uma manhã no final de semana)

    Aula de Campo: Será feita uma saída pela Baía de Guanabara, atendendo a área de Duque de Caxias, onde se localizava o maior aterro sanitário da América Latina: Jardim Gramacho. Ao final, todas/os seguirão em um ônibus para o antigo aterro, onde atualmente vivem inúmeras famílias que ainda sobrevivem do lixo descartado ilegalmente naquele local. Nesta visita será feita uma aula expositiva sobre a história do Jardim Gramacho e ainda serão apresentados todos os assuntos já trabalhados em sala de aula, porém realizando uma experiência de interação pessoal.

    4ª aula: (2 tempos – 1:40h)

    A partir de toda discussão e vivência propostas ao longo das aulas, serão sugeridas propostas de Intervenção pelas/os alunas/os. Será sugerido que os mesmos pensem soluções para toda problematização apresentada. Para isso, os grupos menores previamente divididos na aula 1 serão retomados.

    Cronograma

    Cronograma

    6 tempos em sala de aula + Uma manhã de sábado

    Recursos e tecnologias

    Recursos e tecnologias

    • Data show
    • Internet
    • Post it
    • Canetinhas
    • Computador
    • Cartolina
    • O aluguel de ônibus
    • O passeio de barco
    • O café da manhã na comunidade
    Resultados

    Resultados

    “Racismo ambiental é a discriminação racial nas políticas ambientais. É discriminação racial na escolha deliberada de comunidades de cor para depositar rejeitos tóxicos e instalar indústrias poluidoras. É discriminação racial no sancionar oficialmente a presença de venenos e poluentes que ameaçam as vidas nas comunidades de cor. E discriminação racial é excluir as pessoas de cor, historicamente, dos principais grupos ambientalistas, dos comitês de decisão, das comissões e das instâncias regulamentadoras”

    Nossa aula visa conscientizar os jovens que a constituição dos poderes políticos, econômicos e culturais dominantes está historicamente ligada a um passado colonial em que os indivíduos brancos foram considerados e tratados como superiores.

    Espera-se, com isso, que os estudantes sejam capazes de:

    • Reavaliar hábitos e comportamentos de consumo, individuais e coletivos, para que o impacto ao meio ambiente seja o menor possível;
    • Compreender o uso exacerbado de recursos naturais e o quanto ele impacta o planeta;
    • Identificar os principais agentes poluentes da Baía de Guanabara e elencar os motivos de descaso com a mesma;
    • Identificar as principais diferenças entre lixo e resíduo e compreender como cada um deles impacta a vida de inúmeras famílias, sejam aquelas visitadas em Jardim Gramacho, sejam aquelas impactadas a nível global;
    • Promover ações que minimizem os impactos ambientais;
    • Criar estratégias para melhoria de condições de vida para famílias negligenciadas e que vivenciam diariamente a falta de acesso a condições de moradia e habitat, saneamento básico e coleta de lixo.
    Referências

    Referências

    • Bullard, Robert. Enfrentando o racismo ambiental no século XXI. in Henri Acselrad, Selene Herculano and José Augusto Pádua (eds.) Justiça e Cidadania, Rio de Janeiro: Relume Dumará´. 2004.
    • Costa, Fernando Nogueira. Revolução Industrial e sociedade de consumo em massa. Fundação Perseu Abramo. 2014.
    • Davis, Mike. Planeta Favela. Boitempo Editorial. 1a Edição, 2006.
    • Moreira, M.A. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. São Paulo: Centauro Editora. 1a Edição, 2010.
    • Mathias, Maíra. Racismo Ambiental. [online] Disponível na Internet via http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/dicionario-jornalistico/racismo-ambiental-EPSJV/Fiocruz. Acesso em: 05 jul. 2019.
    • Porto, Marcelo Firpo; Pacheco, Tania & Leroy, Jean Pierre. Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil: o Mapa de Conflitos. Editora Fiocruz. 1a Edição, 2013.
    • Souza, Jessé. A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato. Rio de Janeiro: Leya, 2017.
    • Documentário: Lixo Extraordinário – Vik Muniz (2010)
    • Documentário: Vento Forte (2015)
    • Documentário: O Amanhã é Hoje (2018)